Boas Ideias Para Quem Quer Empreender em 2016

Difícil. Este foi o adjetivo mais usado pelos especialistas ouvidos por Pequenas Empresas & Grandes Negócios para descrever 2016. “Para os empreendedores, as perspectivas são assombrosas. Nenhum ano desde o início do Plano Real foi tão desfavorável quanto 2015. Infelizmente, não acabará no final deste ano. As características persistirão no ano que vem”, diz Marcelo Nakagawa, professor de empreendedorismo do Insper. Para quem pensa em começar uma startup, o horizonte também é sombrio. “Acredito que os investimentos em 2016 serão bastante seletivos, principalmente em early stage”, diz Fernando de la Riva, CEO da Concrete Solutions. “O mercado de tecnologia no Brasil deve seguir áreas mais táticas, mais focado em sobrevivência de curto prazo e menos em uma visão do que ainda vai acontecer, como Internet das coisas, impressão 3D e machine learning”, diz Riva.

Mesmo diante de más perspectivas, as oportunidades ainda existem e muitos vão escolher o empreendedorismo em 2016. “Precisamos de empreendedores que mostrem o verdadeiro papel que os negócios podem ter na construção de um País com iguais oportunidades para todos”, diz Maure Pessanha, diretora-executiva da Artemísia.

Para Alessandro Saade, professor da BSP – Business School São Paulo, é preciso estar preparado para conseguir ter sucesso no próximo ano. “O importante é ter um bom plano estratégico e uma gestão impecável. Monte um canvas, converse com pessoas, pesquise e crie seu plano estratégico de ação”, afirma.

Veja abaixo as indicações de Nakagawa, Riva, Maure e Saade para quem quer começar um negócio em 2016:

Fintech
A associação das palavras finanças e tecnologia resultou no termo fintech, usado principalmente para se referir a startups. Para Riva, esta é uma das áreas que pode crescer no próximo ano, seguindo um movimento que começou em 2015. “Um exemplo é a validação do NuBank, GuiaBolso e ContaAzul no Brasil, que mostra que a desagregação em serviços financeiros que já aconteceu nos Estados Unidos deve chegar ao Brasil em breve”, diz.

Economia compartilhada
Outra área que faz bastante sentido em um contexto de crise é a de economia compartilhada. “O Uber, por exemplo, além de dar respostas para o problema de mobilidade, também ajuda na questão de empregar pessoas que foram expulsas do mercado formal”, diz Riva.

Carreira e emprego
Mais uma vez, é de uma consequência da crise que aparece a oportunidade. O desemprego pode impulsionar negócios ligados à carreira e capacitação. “Ao analisar esse cenário, vemos que existe a oportunidade para startups que ofereçam formação técnica, mas com foco no desenvolvimento de empreendedorismo e competências socioemocionais”, diz Maure.

Negócios com potencial de exportação
O dólar alto abriu novas possibilidades para as empresas com potencial de exportação. “Mercado doméstico desaquecido e dólar alto é a receita ideal para a empresa buscar mercados fora do seu país. Para quem produz ou presta serviços tecnológicos é um prato cheio”, diz Saade. Para Nakagawa, artesanato, pequenas confecções e até serviços de programação “podem ter maiores chances de serem mais exportados com o dólar valorizado”.

Soluções para crise hídrica
A crise hídrica atinge, hoje, boa parte do Brasil. Por isso, soluções para limpeza da água, reaproveitamento e economia serão bem vistas. “A falta de acesso à água encanada e saneamento urbano são responsáveis por aproximadamente 75% do déficit habitacional qualitativo no Brasil. São 11 milhões de pessoas sem acesso à rede de água e 103 milhões sem tratamento de esgoto domiciliar”, diz Maure.

Negócios digitais
Apesar de mais difícil, o mercado digital deve continuar crescendo, especialmente em serviços e apps que agilizem a vida e reduzam o custo de um determinado tipo de serviço. “Não é possível generalizar, mas ainda há espaço para diversas novas soluções digitais móveis”, diz Nakagawa.

Manutenção ou reformas
Se economizar é a ordem do dia, empresas que ajudem na manutenção de bens podem ter sucesso. Ao invés de comprar um item novo, o consumidor deve optar por modernizar ou consertar o que já tem. “Vale para reforma da casa, da loja ou da fábrica, manutenção do carro, do caminhão ou das motos e atualização de softwares e hardwares. Tudo que puder ter a troca postergada”, diz Saade. “Nessa mesma linha, serviços como costureira, sapateiros, armarinhos e afins formam uma cadeia muito similar à das máquinas. O mesmo que as empresas farão com seus equipamentos os consumidores farão com seu patrimônio.”

Soluções mais baratas
Não é preciso ser especialista em economia para entender que, em ano de crise, todo mundo quer gastar menos. Por isso, negócios que permitam economizar estão em alta. “Em 2016, parte da população brasileira continuará a fazer suas escolhas considerando o preço”, diz Nakagawa.

Food trucks
Os food trucks explodiram em 2015 e podem continuar crescendo em 2016. “É um conceito que veio para ficar por trazer, pelo menos na proposta, produtos inovadores com preços razoáveis. A tendência é observar trucks em outros segmentos como comércio e serviços”, diz o professor do Insper.

Microfranquias
O desemprego deve gerar uma onda de novos empreendedores, alguns por necessidade e outros por oportunidade. Com pouco capital, muitos devem escolher o formato das microfranquias. “Com um grande número de profissionais desligados das empresas e poucas novas vagas haverá uma grande procura por franquias de baixo custo. O ponto de atenção é buscar segmentos que o empreendedor conheça”, diz Saade.

 

Fonte: Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios

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