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Planos alternativos de carreira: é hora de partir para um negócio próprio?
Por Marcos Morita
Atire a primeira pedra quem nunca pensou em largar a vida corporativa e ser dono do próprio nariz. Horários inflexíveis, relatórios sem sentido, chefes intolerantes, tarefas repetitivas, clientes intransigentes, viagens, colegas mal humorados, reuniões intermináveis e funcionários que só fazem reclamar são parte da extenuante rotina, existente desde os tempos de Adan Smith, defensor dos benefícios da divisão do trabalho. De uma maneira menos robotizada e com supervisão mais branda, a verdade é que continuamos a vender nossa mão de obra por pelo menos oito horas diárias, tal qual Charles Chaplin em Tempos Modernos.
A certeza do salário no final do mês, as férias remuneradas, o fundo de garantia, o plano de previdência, os bônus e as participações nos lucros, o plano médico e odontológico, o carro da empresa, a gasolina paga, a previdência complementar, o reembolso educação, o vale alimentação, a cesta básica, a licença maternidade e as demais regalias costumam pesar bastante, pendendo a balança para o lado original. Resignados, engolimos mais um sapo para a nossa coleção, sublimando nossa insatisfação até que o próximo ataque de inconformismo apareça.
Para completar a equação desfavorável, já se foi o tempo em que um profissional costumava passar a vida inteira em uma empresa. A maior competição trouxe a necessidade de reduzir custos, o que atrelada à menor lealdade de lado a lado fez com que executivos maduros e qualificados disponíveis no mercado se tornassem lugar comum. Sem ofertas de trabalho adequadas ao seu perfil, acabam partindo para o plano B sem preparação prévia, num momento em que suas finanças e mente encontram-se fragilizadas.
Uma saída para esta armadilha está no planejamento de carreiras alternativas, investindo parte de sua renda e tempo disponível em um novo negócio ou profissão enquanto ainda se está na ativa, construindo redes de proteção para a aposentadoria ou eventuais cortes de pessoal, além é claro da satisfação em conduzir um outro empreendimento. Para ilustrá-la, trago a experiência de Steve Jobs e do escritor Chris Guillebeau, autor da A startup de $ 100, cujo livro traz histórias inspiradoras de gente que fez esta transição. Vejamos algumas dicas.
Convergência: é a intersecção entre algo que você gosta de fazer ou é bom fazendo (de preferência os dois) e algo pelo qual as pessoas também se interessam ou estão dispostas a pagar. Um colecionador de soldadinhos de chumbo talvez não tenha um grande mercado. Enologia, gastronomia, trabalhos artesanais, jardinagem, esportes radicais e viagens por outro lado, costumam despertar o interesse de bastante gente. Quando a paixão ou a habilidade se encontram com a utilidade e uma proposta de valor atraente, há chances de um negócio interessante surgir.
Transformação de habilidades: diversos projetos começam com o uso de habilidades relacionadas. Para elucidá-la, pensemos em um professor. Em geral são bons não apenas lecionando, mas também em áreas como comunicação adaptabilidade e controle de pessoas, as quais podem ser utilizadas para abrir um negócio. Pense em você agora. Quantas vezes não ouviu ou disse para outra pessoa que era hábil em determinada atividade, mesmo sem exercê-la? Há ex-jogadores que se deram bem como treinadores, outros como comentaristas.
Juntar os pontos: a preocupação com planos alternativos de carreira costuma chegar com os cabelos brancos, quando decepções, frustrações, desafios e vitórias compõem o que chamamos de experiências passadas. Steve Jobs relatou de maneira perfeita este sentimento em seu famoso discurso proferido aos formandos de Stanford: “Você não consegue ligar os pontos olhando para a frente, só consegue ligá-los olhando para trás. Desta forma, há que confiar que os pontos se ligarão algum dia no futuro”. Apesar disso, planejamento e objetivos claros não atrapalham.
Enfim, convergência mais transformação de habilidades mais juntar os pontos, costumam ser sinônimo de sucesso para iniciar um plano alternativo de carreira. Pare, pense e faça um inventário de suas habilidades, vocações e hobbies, assim como se desejaria torná-la uma profissão no futuro. Com relação a viabilidade, identifique eventuais lacunas no mercado que ainda não estão cobertas, como especialista no tema creio que não será difícil. Faça entrevistas com futuros clientes, converse com especialistas e parta para a ação. Cabe a você abrir mão de sua comodidade e zona de conforto, dedicando um pouco de seu tempo para construir seu futuro. Só não vale dizer que não sabia.
Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.
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